Mulheres e Direitos Humanos


BRASIL: A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AFETA QUATRO EM CADA 10 MULHERES



Relatório Anual sobre a Mulher
Fonte:  Inesc  (em Português)
Relatório Anual do Brasil sobre a Mulher, lançado este mês pelo governo, mostra que 43,1 por cento das mulheres sofreram algum tipo de violência em suas próprias casas. O percentual cai para 12,3 por cento no caso dos homens. "O Relatório Anual é essencial para a luta política em favor dos direitos das mulheres", disse Eliana Gracia, especialista do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc, um dos pontos focais da Social Watch no Brasil).
O relatório, elaborado pela Secretaria de Políticas para Mulheres e do Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), inclui, entre outros dados, as informações coletadas pela Pesquisa 2009 Nacional de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O Relatório Anual é essencial para a luta política em favor dos direitos das mulheres, uma vez que fortalece os argumentos das organizações" trabalhar para esse fim, afirmou Gracia, do Inesc.
O estudo revela certa timidez por parte do Estado para combater a violência contra as mulheres. "Mais energia e investimento público" são necessários, afirmou o especialista do Inesc. "A legislação aborda esta questão de uma forma abrangente e eficaz, mas ainda não se tornou parte da vida diária das mulheres", concluiu Gracia.
De acordo com o Relatório Anual, no Brasil, 25,9 por cento das mulheres que sofreram maus-tratos, tanto dentro como fora do lar sofreram essas agressões de um parceiro ou ex-parceiro.
Pedidos de ajuda ao Centro de Assistência da Mulher aumentaram 16 vezes entre 2006 e 2010, de 46.000 para 734.000, de acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres.
O Relatório Anual também reúne estatísticas e informações sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho, o sistema de saúde e sua participação na tomada de decisões, entre outros aspectos. O estudo visa apoiar a implementação de políticas públicas, bem como as ações de instituições, organizações sociais e governos locais e estaduais.
Mais informações
Anuário das Mulheres (em Português)

Violência contra mulheres aumenta no 

primeiro semestre de 2010


Dados da Polícia Nacional Civil (PNC) de El Salvador revelam que só no primeiro semestre de 2010, 342 mulheres foram assassinadas no país. Nos meses de maio e junho houve uma intensificação do feminicídio, com um total de 129 mulheres mortas, o que significa a morte de uma mulher a cada 12 horas, neste período. O feminicídio acentuado no primeiro semestre qualifica 2010 como o mais violento dos últimos dez anos.

Os 275 assassinatos cometidos contra mulheres de janeiro a maio deste ano representam 46% dos feminicídios ocorridos em 2009. O mês de maio registrou um total de 658 delitos graves contra as mulheres, entre os quais violação, agressão e perseguição sexual, além de feminicídio, conforme divulgou a Polícia Nacional. Muitas ameaças também foram registradas, destacando maio como um dos meses mais violentos para as mulheres.

As mulheres na faixa etária que compreendem os 35 até os 60 anos de idade são as que mais sofrem com ameaças e feminicídios, seguidas por jovens de 12 a 18 anos, observou a Organização de Mulheres Salvadorenhas (ORMUSA).

Segundo a entidade, as vítimas são assassinadas, na maioria das vezes, por armas de fogo, seguidas por armas brancas, como facas. Os corpos, geralmente, são encontrados em prédios abandonados, estradas ou vias públicas.

Embora também seja um delito que ocorre com muita frequência, muitas mulheres não chegam a denunciar a perseguição sexual que sofrem no ambiente de trabalho, escolar, nas ruas ou nos centros comerciais.
Tudo indica que a maioria destes crimes seja passional, onde homens apaixonados não correspondidos ou abandonados se julgam no direito de matar a mulher que o rejeitou. Para a diretora executiva da ORMUSA, Jeannette Urquilla, este contexto mostra que é evidente que por trás do crime existe uma manifestação de violência de gênero contra as mulheres.

Ela ressalta que a falta de investigação do Estado para esta modalidade de crime, revela aversão e desprezo pelas mulheres, enfatizando o machismo e o sentimento de propriedade sobre as mulheres e suas vidas. É importante esclarecer que a polícia do país qualifica os assassinatos de mulheres como homicídios, sem, entretanto, considerar a distinção de sexo ou o motivo do crime, com respeito aos homens.

Os dados da Polícia mostram ainda que a capital do país, San Salvador, é a cidade mais violenta e perigosa para as mulheres, seguida por San Miguel, que registrou 114 casos e Santa Maria com 77. Com menos registros de violências (20 casos), o departamento de Chalatenango se mostra como um dos poucos locais seguros para as mulheres salvadorenhas.

Por: Tatiana Félix